terça-feira, 26 de julho de 2011

Mestre Telê, 80

Por ROBERTO VIEIRA
   
O chão de ferro viu nascer o fio de esperança.
Poesia em movimento.
Fernando Morais pensou que ele seria o rei do Brasil.
Engano.
O menino maluquinho Paolo Rossi não quis.
O anjo pornográfico o considerava não menos que santo.
O irmão do anjo sonhou que ele era um Deus.
Magro com o perfil do Aleijadinho.
Minas.
Drummond, o Roberto, apresentou-lhe Hilda.
Mas Hilda amou Valentim.
A camisa do moleque de Itabirito ardeu em chamas.
Mão seca.
Rastilho de pólvora.
A seleção era um grande sertão veredas.
Bota ponta!
Volta, Telê!
As palavras em Minas são curtas e tardias.
Baú de ossos assassinado na escuridão.
Travessia.
Quando você foi embora fez-se noite no futebol.
Máscaras singulares.
Ídolos de pano.
Oitenta anos, Telê.
Oto Vieira não estava errado.
Lembra do Bangu?
Tinha medo de Didi.
Descobriu-se perdido em ti.
Sabino dizia que a bola tinha encontro marcado.
Um encontro marcado com quem mais a amava.
Tinha um Telê no meio do caminho.
No meio do caminho tinha um Telê no clube da esquina.
Primeiro campeão brasileiro.
Um 14 Bis surge no céu anunciando que estamos perdidos em Abbey Road.
Ou será no Sarriá?
Quando você chegou ao céu teve festa do divino.
Tutu à mineira.
Tem quem prefira 1994.
São os grandes mentecaptos.
Convocaram novamente a canarinho.
Canarinho que é página virada no coração do torcedor brasileiro.
Ontem.
Descobri uma foto sua no DVD do Skank.
1951.
Você tinha vinte anos.
Véspera de decisão.
Jurando jogar com limpo contra o Bangu.
Quer saber?
Só mesmo você, Mestre Telê…
Só mesmo você, Mestre Telê…




Nota do autor do blog:
Telê Santana foi, para mim, o maior treinador de futebol que eu vi e, ainda hoje é lembrado e reverenciado por muitos, principalmente por sãopaulinos depois dos títulos mundiais de 92/93, além de ter uma página exclusiva no sítio eletrônico do Sâo Paulo Futebol Clube.

http://www.saopaulofc.net/noticias/noticias/historia/2011/7/26/26-de-julho-de-1931-o-nascimento-de-um-grande-idolo/

olê olê olê... Telê Telê...

domingo, 24 de julho de 2011

Futebol Feminino: a próxima grande oportunidade

“Se a gente ganhasse o Mundial, teria investimento? Não sei, acho que não. A gente já fez o que fez, e não muda nada”.
Essa foi a mensagem da atacante Cristiane, assim que as Canarinhas voltaram da Alemanha, depois de perder para os Estados Unidos nas quartas de final do Mundial Feminino.
Desde que a Copa do Mundo feminina começou a ser disputada, em 1991 o Brasil esteve presente em todas as competições.
Em 1999 ficou em 3º lugar e em 2007 perdeu a final para a Alemanha.
Temos a melhor jogadora do mundo, Marta! Cinco vezes eleita pela FIFA (consecutivas), fez quatro gols na Alemanha e se igualou à atacante alemã Birgit Prinz em números de gols marcados em Copas do Mundo (14).
Mas “só” isso parece não adiantar para que o futebol feminino brasileiro tenha mais apoio.
O bom futebol e a falta de experiência que nossas atletas mostraram são resultados do talento nato das meninas e da falta de preparação para competições importantes como a Copa do Mundo e Olímpiadas.
Antes de ir para a Alemanha, o Brasil fez apenas um amistoso contra o Chile, time que hoje está em 44º  no ranking da FIFA e não participou da Copa do Mundo.
Enquanto os Estados Unidos (1º lugar no ranking da FIFA) fizeram diversos amistosos, sendo um deles contra o Japão, time com quem jogaria a final da Copa, dia 17 de Julho. Os Estados Unidos acabaram perdendo para o Japão, que durante toda a Copa mostrou que além de garra, contou com uma nação inteira apoiando suas atletas durante toda a competição.
Os problemas da seleção brasileira começam mais embaixo.
Em 1999 os Estados Unidos trouxeram para casa a taça de campeãs.
Desde então, o país mudou em relação ao futebol feminino. Em 2001 foi criada a primeira liga feminina no país, a WUSA, que  durou apenas dois anos, por falta de investimentos. Em 2008 a liga atual, WPS (Women’s Professional Soccer) foi criada e continua a desenvolver atletas profissionais no país. Hoje a liga conta com 6 times, entre eles o Western New York Flash, onde atuam duas brasileiras, Marta e Maurine. De acordo com o técnico do time, Aaron Lines, a liga tem ajudado a preparar as jogadoras para grandes campeonatos como o Mundial e as Olimpíadas.
Além de ter uma liga profissional,  o desenvolvimento das atletas nos Estados Unidos começa por volta dos 16 anos, quando a maioria das jogadoras esta’ se preparando para começar a faculdade. Hoje, nos Estados Unidos, de acordo com a NCAA (National Collegiate Athletic Association) cerca de 380 faculdades associadas têm time de futebol feminino. As atletas são disputadas pelas faculdades e recebem apoio (bolsa de estudos, alimentação e moradia) durante os quatro anos de estudo.
De acordo com o censo do IBGE, temos 17.5 milhões de meninas entre 10 e 19. Essa é a idade em que a maioria das meninas aqui nos Estados Unidos começa a se envolver com o esporte e participar de campeonatos nos clubes em que treinam. Durante o ano letivo, as escolas participam de competições e quando as atletas estão no período de férias escolares, os pais as colocam nos famosos “camps” americanos, onde têm chance de melhorar ainda mais suas habilidades e onde começam a aparecer para os famosos “olheiros” de faculdades.
O Brasil tem, é claro, tradição em futebol, vontade também. E principalmente um público que com certeza estaria interessado em torcer pelo seu time feminino, como mostram os números recordes de tuites na final do feminino e a audiência também recorde das transmissões de TV durante a ultima copa feminina,  na Alemanha.
Esse é o grande diferencial entre os Estados Unidos e o Brasil. Com uma liga estável, as americanas conseguem se preparar melhor para grandes competições, enquanto as brasileiras não conseguem ter um calendário de jogos fixo e times com estrutura para competições. A seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo este ano tinha 15 jogadoras que atuam no Brasil, sendo 6 do Santos. As outras, ou jogam fora do Brasil ou estão sem clubes. A goleira Andrea e a atacante Cristiane em entrevistas após a derrota contra os Estados Unidos, deram seus diagnósticos:  “Só raça e vontade não ganham Mundial. Só raça, vontade e confiança não ganham medalha olímpica. Tem que ter, sim, pessoas que queiram trabalhar sério pelo futebol feminino”, disse Andréa.  Já a atacante Cristiane lembrou que a Liga Americana (WPS) continua investindo pesado, não importam os resultados.
Diversas brasileiras passaram pela liga americana nos últimos anos. Formiga, Cristiane, Marta, Maurine, sendo que as duas últimas atuam no WNY Flash (NY). Esse é o terceiro clube pelo qual Marta joga nos EUA. Os dois anteriores ao WNY Flash foram campeões da liga. Hoje o time de Marta está em segundo lugar, com grandes chances de terminar em primeiro e trazer mais um título para o currículo dessa grande jogadora.
Marta fez com que a popularidade do esporte crescesse. Tornou-se um ídolo,  reconhecida e querida por onde vá. Nos jogos em casa, crianças de todas as idades lutam para conseguir um autografo ou uma foto. Muitas chegam horas antes do jogo só para ver a jogadora descer do ônibus. O WNY Flash vive dias de sucesso,  no estado de Nova Iorque depois que trouxe Marta para jogar aqui. Ingressos para os jogos vendem como água e quando os fãs ligam para comprar ingresso a pergunta é sempre a mesma: “A Marta vai jogar?”.
A pergunta óbvia é: por que uma atleta brasileira que é a melhor jogadora do mundo não está jogando em uma liga no Brasil? Por que não temos crianças brasileiras jogando futebol e dizendo que quando crescerem querem ser igual à Marta?
A Copa do Mundo feminina que terminou no dia 17 de Julho foi transmitida pelo maior canal de esportes dos Estados Unidos (a ESPN) que fez uma cobertura completa, transmitindo todos os jogos nos seus dois canais e também pela internet. De acordo com a revista Bloomberg, durante a final entre Estados Unidos e Japão o canal atingiu uma média de 8.6% de audiência. Doze anos atrás, em 1999, quando os EUA jogou a semifinal contra o Brasil o canal teve uma audiência de 3.2%. Pra se ter uma ideia, o jogo da liga de Basebal nos Estados Unidos obteve apenas 6.9% de audiência (e era o jogo dos “All-Stars”, que tem os melhores jogadores do país.)
Além disso, durante a partida, foi batido o recorde de tuítes por segundo. De acordo com o G1 e diversos jornais pelo mundo, a média foi de 7.196 tuítes por segundo durante a partida. Durante a disputa de pênaltis entre Brasil e Paraguai a média foi de 7.166 tuítes por segundo.
Esses indicadores mostram que o futebol feminino vem crescendo e tem chances de se tornar ainda maior. O futebol é um esporte de tradição no Brasil e agora é a vez do país abraçar essa oportunidade. As Canarinhas da Granja Comari contam com os mesmos patrocinadores da selecão masculina (Nike, Itaú, VIVO, Guaraná Antártica, SEARA, Nestlé, Extra, Gillette, Wolkswagen, TAM), mas não é o suficiente para que as atletas estejam preparadas para competições de grande porte. Ao contrário da seleção feminina dos Estados Unidos, o time também conta com os mesmos patrocinadores da seleção masculina (American Airlines, All State, AT&T, Budweiser, Castrol, DICK’S, Gatorade, El Jimador, Kumho Tires, Nike, Pepsi, VISA), mas o suporte e a preparação que o time recebe nem se compara a seleção brasileira. O “Team USA”, como são conhecidas por aqui, conseguem aproveitar os benefícios que os patrocínios trazem para as duas seleções. O resultado nós podemos ver dentro de campo, um time mais estabilizado, melhor preparado e com um background que não se compara ao país do futebol.
A mesma tecla vem sendo batida nos últimos anos: as meninas lutam e fazem o máximo possível para trazer alegria ao povo brasileiro. Mas sem investimento, sem organização, essas meninas vão continuar batendo na trave e o futebol feminino também.
  
*Maria Tereza Públio Dias é mestranda em Administração Esportiva na Universidade Canisisus, Buffalo, EUA, e estagia no WNY Flash, o clube onde joga a também brasileira Marta.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Herança de Imortalidade

Este texto eu recebi do sítio eletrônico www.reflexao.com.br onde sempre tem textos interessantísimos e de grande qualidade.
Reflete o que eu aprendi com a morte.
"Quem parte leva saudades de alguém que fica chorando de dor... Os versos da canção popular traduzem o que, ainda hoje, acontece no mundo.
A morte prossegue a ser vista com horror e a vestir-se de negro. O que deveria ser um momento de reflexão e de prece, transforma-se em grande lamentação.
Contudo, o mundo, com raras exceções, se diz espiritualista. O que equivale dizer que acredita no Espírito, que algo existe para além da tumba, sobrevivendo à morte do corpo.
Há mais de dois mil anos, um suave cantor, nas terras da Galiléia, cantou a imortalidade.
Mais do que conviver com os Espíritos, falar com eles, amá-los, o que atestam os escritos dos evangelistas, Ele mesmo retornou após a morte.
Ele disse que, se destruído fosse o templo de Seu corpo, em três dias Ele retornaria. E o fez.
Esteve com os Seus apóstolos, entrando no cenáculo totalmente fechado. Sou Eu, não temais!
Permite que o incrédulo Lhe toque a chaga aberta no peito.
Aos discípulos que seguem a Emaús, igualmente Se identifica. Durante quarenta dias, esteve com eles, intensamente, em variados momentos.
E xortando-os à coragem, ao trabalho, ao dever.
Amigo incondicional, assegurou que onde houvesse duas ou mais pessoas, reunidas em Seu nome, Ele ali se faria presente.
E assim tem sido ao longo dos séculos que se dobraram, no tempo.
Ele, o Mestre, nos deu a lição imortalista, demonstrando que a morte não é o fim.
Vou à frente, preparar-vos o lugar, também prometeu. Que mais desejamos como prova?
Cabe-nos, então, reflexionar um tanto mais a respeito desse fenômeno que a todos alcança, sem exceção alguma: a morte.
A morte que chega devagar, após enfermidades longas e dolorosas.
A morte que vem de rompante, levando os nossos amores.
A morte que não faz diferença entre raças, idade, posição social. A todos ela abraça.
Naturalmente, que sempre se terá a dor da separação. A partida já é a dor da antecipada saudade. A dor da ausência de quem parte.
No entanto, da mesma forma que nos despedimos no aeroporto, na rodoviária, nos lares, dos afetos que buscam outras terras, em férias, não cabe desespero.
Chora-se sim, pela ausência. Sem lamentar, no entanto.
Porque guardamos a certeza que logo mais voltaremos a nos encontrar.
Da mesma forma que vamos ao encontro de quem está em férias, depois de um período, também acontece com a morte.
Um dia, mais cedo ou mais tarde, tornaremos a nos encontrar. Quando partirmos, eles estarão nos aguardando na fronteira da Espiritualidade.
Na Terra, quando estamos distantes, vamos utilizando o correio, o telefone, o e.mail, e todas as demais formas de comunicação para arrefecer a saudade.
Quando os amores partem para a pátria espiritual, utilizemos os fios mentais da evocação dos tempos felizes juntos, a oração, para a comunicação.
E nos será, então bastante comum, sonharmos com os amores que se foram e continuam a nos amar.
Serão momentos gratificantes de abraços, de reencontros.
Momentos que irão envolvendo a nossa imensa saudade, em suaves lembranças.
Um dia, tornaremos a estar juntos, neste mundo ou no outro.
Somos imortais, filhos da Luz, herdeiros do Universo. Confiemos: ninguém morre. Todos retornamos à Casa do Pai, destino final de todos os que fomos criados pelo Seu amor soberanamente justo e bom.
Pensemos nisso e enxuguemos nossas lágrimas de revolta, deixando que escorram somente as da saudade, do amor, das lembranças de tantos momentos bem vividos.
Transformemos nossos adeuses em até breve!"

terça-feira, 5 de julho de 2011

Gasto olímpico grego ilustra a perda de controle das finanças

A realização das Olimpíadas de 2004 foi determinante para a crise da Grécia? Quando se imagina que hoje cada cidadão grego tem uma parcela de aproximadamente US$ 45 mil na dívida do país, é quase inevitável especular o quanto que os gastos desenfreados para viabilizar os Jogos de Atenas ajudaram para cavar o buraco atual. E, apesar de a resposta para a pergunta inicial ser não, um exame da aventura olímpica dos gregos serve para ilustrar por que hoje o país está à porta da União Europeia e do FMI com o pires na mão.
O roteiro percorrido de 1997, quando a cidade foi escolhida como sede, até 2004 traz pelo menos duas semelhanças com a organização dos Jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio de Janeiro e, ao que tudo indica, com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016: explosão no orçamento inicial e atrasos nas obras. Até hoje, sete anos após o término dos Jogos de Atenas, não existe um consenso sobre qual foi o valor total gasto.
Em 1997, autoridades gregas e o Comitê Olímpico Internacional estimaram um custo de aproximadamente US$ 1,5 bilhão. No final de 2004, o então ministro das Finanças da Grécia, George Alogoskoufis, disse que a conta bateu em US$ 11,9 bilhões. Em entrevista ao “The Times” londrino em 2009, um ex-integrante do governo, falando anonimamente, disse que o custo foi superior a US$ 17 bilhões. Mas, com a falta de transparência sobre os gastos, há quem estime que o país torrou 20, 25 ou até 30 bilhões de euros.
“No fim, os Jogos não são uma causa fundamental para a dívida grega. Mas talvez o país não devesse ter aceitado fazê-los, porque houve um gasto significativo de dinheiro”, diz ao Valor Spyros Economides, professor da London School of Economics.
Victor Matheson, professor de economia na College of the Holy Cross, em Worcester (EUA), e autor de vários estudos sobre o impacto econômico de grandes eventos esportivos, julga que “as Olimpíadas certamente são um reflexo dos problemas que o país como um todo enfrenta”.
“Neste momento, a dívida da Grécia em proporção ao PIB é de aproximadamente 110%. As Olimpíadas acrescentaram cerca de cinco pontos percentuais nisso. Assim, em termos de tamanho total, os Jogos são uma pequena parte do problema. Contudo, eles levaram a gastos perdulários que não foram pagos e que talvez tenham reiniciado o hábito da Grécia de gastar em excesso”, diz.
Para Jason Manolopoulos, autor do livro “Greece’s Odious Debt”, recém-publicado nos Estados Unidos e no Reino Unido, as Olimpíadas são “apenas mais um exemplo de má administração, corrupção, clientelismo e pensamento de curto prazo.”
No ano passado, o ex-ministro dos Transportes Tassos Mantelis admitiu em depoimento ao Parlamento grego ter recebido propina de US$ 120 mil em 1998 da Siemens. A empresa alemã é suspeita de subornar autoridades gregas para vencer concorrências para equipamentos de segurança empregados na vigilância dos Jogos.
Segundo a revista alemã “Der Spiegel”, também a operadora de ferrovias Deutsche Bahn possivelmente recorreu a subornos para ganhar a concorrência de um contrato do metrô de Atenas.
Além da corrupção, os Jogos também forneceram exemplos de ineficiência, má administração e planejamento falho. Houve atrasos nas obras, o que obrigou gastos extras para terminá-las em tempo. E, hoje, várias das instalações construídas para abrigar as competições estão abandonadas. O pior, no entanto, é que as despesas continuam correndo. No ano passado, a imprensa grega revelou que a agência criada para administrar a Vila Olímpica vem aumentando desde 2006 o seu número de funcionários, contratando profissionais como designers gráficos, especialistas em comunicação e psicólogos.
Após a amarga experiência olímpica grega, Manolopoulos e Economides apontam algumas lições para o Brasil. “Um projeto de infraestrutura, como o do metrô, vale mais do que uma cobertura luxuosa para um estádio”, diz Manolopoulos. “O principal é manter os custos tão baixos quanto possível, e não ser extravagante, fazendo construções que serão inúteis. Creio que está ficando cada vez mais difícil justificar para um contribuinte porque se deve promover esses Jogos se eles vão custar uma soma fenomenal de dinheiro”, completa Economides.
Pelo jornalista VITOR PAOLOZZI  -  Jornal Valor Econômico 29/06/2011

Na China, a nova ponte do Guaíba seria o caminho mais curto entre o Minitério dos Transportes e a penitenciária
Há uma semana, o governo da China inaugurou a ponte da baía de Jiaodhou, que liga o porto de Qingdao à ilha de Huangdao. Construído em quatro anos, o colosso sobre o mar tem 42 quilômetros de extensão e custou o equivalente a R$2,4 bilhões.
Há uma semana, o DNIT escolheu o projeto da nova ponte do Guaíba, em Ponte Alegre, uma das mais vistosas promessas da candidata Dilma Rousseff. Confiado ao Ministério dos Transportes, o colosso sobre o rio deverá ficar pronto em quatro anos. Com 2,9 quilômetros de extensão, vai engolir R$ 1,16 bilhões.
Intrigado, o matemático gaúcho Gilberto Flach resolveu estabelecer algumas comparações entre a ponte do Guaíba e a chinesa. Na edição desta segunda-feira, o jornal Zero Hora publicou o espantoso confronto númerico resumido abaixo:

Os números informam que, se o Guaíba ficasse na China, a obra seria concluída em 102 dias, ao preço de R$ 170 milhões. Caso a baía de Jiadhou ficasse no Brasil, a ponte não teria prazo para terminar e seria calculada em trilhões. Como o Ministério dos Transportes está arrendado ao PR, financiado por propinas, barganhas e permutas ilegais, o País do Carnaval abrigaria o partido mais rico do mundo.
Depois de ter ordenado o afastamento dos oficiais, aí incluído o coronel do DNIT, Dilma Rousseff parece decidida a preservar o general. “O governo manifesta sua confiança no ministro Alfredo Nascimento”, avisou nesta segunda-feira uma nota da Presidência da República. “O ministro é o responsável pela coordenação do processo de apuração das denúncias feitas contra o Ministério dos Transportes”. Tradução: em vez de demitir o chefe mais que suspeito, Dilma encarregou-o de investigar os chefiados.
Corruptos existem nos dois países, mas só o Brasil institucionalizou a impunidade. Se tentasse fazer na China uma ponte como a do Guaíba, Alfredo Nascimento daria graças aos deuses se o castigo se limitasse à demissão.
 Nota, o ministro dos Transportes caiu.... demorou mais caiu.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Ode a Rogério Ceni

São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 2005.

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

Caju é sinônimo de Atlético Paranaense, por estranho que pareça. Mas o antigo goleiro do Furacão (anos 30/40) tem seu nome na história, como Lara, do Grêmio, da mesma época.
E são raros os goleiros que têm seus nomes automaticamente associados a um clube, às vezes dois, como Gilmar dos Santos Neves (Corinthians e Santos); Manga (Botafogo e Inter); Raul Plassmann (Cruzeiro e Flamengo).
Oberdã Catani do Palmeiras, Emerson Leão, fundamentalmente do Palmeiras, São Marcos.
Ronaldo, do Corinthians.
Barbosa, do Vasco.
Marcos Carneiro de Mendonça e Carlos Castilho, do Fluminense.
Kafunga, do Atlético Mineiro.
José Poy e Zetti, do São Paulo.
Nenhum deles, no entanto, o que não os diminui em nada, bem entendido, pegou três bolas impossíveis numa decisão de Mundial de Clubes.
Rogério Ceni pegou.
Nenhum deles foi eleito o melhor jogador de uma decisão de Mundial de Clubes nem do próprio Mundial.
Rogério Ceni foi.
Nenhum deles fez gols e mais gols pelo seu clube.
Rogério Ceni fez e fará.
Jamais houve um goleiro como Rogério Ceni, que compõe agora, como disse o autor do livro sobre o São Paulo (“Dentre os grandes, és o primeiro”, da Coleção Camisa 13, pela Ediouro), Conrado Giacomini, a Santíssima Trindade Tricolor, ao lado de Leônidas da Silva e Raí.
Do mesmo modo que não se afirmou aqui, na coluna passada, que o São Paulo é o maior time de todos os tempos do Brasil (porque nem é preciso comparar a equipe do tri mundial com o Santos de Pelé, basta compará-lo ao próprio São Paulo de Raí para constatar o tamanho da estupidez, se cometida), pois apenas se constatou que o São Paulo é o clube mais vitorioso do país, também ninguém está dizendo que Rogério é o melhor goleiro da história.
Ele é só (?!) o mais emblemático e bem sucedido a personificar um clube de futebol.
Até outro dia mesmo, com toda sua história no Morumbi, poderia se dizer que Rogério já tinha um lugar de honra na galeria dos ídolos tricolores, mas poucos e desimportantes títulos como titular. Agora não só tem os dois títulos mais importantes que um clube pode ter como, ainda por cima, os obteve como os obteve, fazendo gols e milagres, tanto na Libertadores quanto no Mundial.
Ah, mas ele não está na seleção. E não está porque não gostou de ter seu cabelo cortado na Copa das Confederações de 1997, na Arábia Saudita.
Romário anunciou que o time rasparia a cabeça caso chegasse à final do torneio.
Rogério foi pego de surpresa. Não gostou e não disfarçou o desagrado com a violência.
Até já disse que se não faltasse só uma partida teria pedido para voltar para o Brasil e de tão amuado não saiu mais de seu quarto, a não ser para treinar e se alimentar.
Zagallo viu em sua atitude “falta de espírito de grupo”.
Só resta dizer, como diria Fernando Calazans, azar da seleção.

Nota do autor do blog
Rogério você tem crédito com os verdadeiros sãopaulinos, mas por favor, evite falhar de novo.